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domingo, 31 de outubro de 2010

Lady Susan - Carta 8 em Português

 Sra. Vernon a Sra. De Course
Churchill

Minha querida mãe, você não deve esperar Reginald novamente por um tempo. Ele deseja que eu lhe diga que o bom clima atual, levou-o a aceitar o convite do Sr. Vernon para prolongar a sua estadia em Sussex e, portanto, poderem ir caçar juntos. Ele deseja enviar seus cavalos imediatamente, e é impossível dizer quando você poderá vê-lo em Kent. Não vou tentar disfarçar meus sentimentos sobre essa sua mudança, minha querida mãe, embora eu ache melhor não comunicá-las a meu pai, cuja excessiva ansiedade sobre Reginald poderia submetê-lo a um alarme que pode seriamente afetar sua saúde e espírito.
Lady Susan tem agido de forma artificial, no espaço de uma quinzena, para fazer meu irmão gostar dela. Em suma, estou convencida de que a sua continuação aqui, além do inicialmente fixado para o seu retorno, é ocasionado tanto por uma certa fascinação em relação a ela, como pelo desejo de caça com o Sr. Vernon e, claro, não posso sentir prazer na duração de sua visita como a companhia do meu irmão em outra circunstância me daria.
Irritam-me os truques dessa mulher sem escrúpulos. Que prova mais forte de suas habilidades perigosas poderia ser dada, do que a perversão do julgamento de Reginald que, quando entrou nessa casa, era decididamente contra ela! Na sua última carta, ele me deu detalhes de seu comportamento em Langford, conforme lhe contou um cavalheiro que a conhecia muito bem e, se for verdade, só poderia levar à desaprovação. O próprio Reginald  estava disposto dar-lhe crédito. Sua opinião sobre ela, estou certa, era que ela seria a pior mulher da Inglaterra, e quando chegou, estava claro que ele a julgava indigna de consideração e respeito, e que ele achou que ela ficaria encantada com qualquer homem inclinado a flertar com ela.
Seu comportamento, confesso, foi calculado para acabar com essa idéia, e não detectei a menor impropriedade nela. Nada de vaidade ou ostentação, ou leviandade, e é, sem dúvida, tão atraente que não me surpreenderia que ele ficasse encantado com ela, isso se eu não tivesse ouvido nada sobre ela antes de conhecê-la pessoalmente. No entanto, contra toda a razão, contra toda convicção, estar ele tão satisfeito com ela, como eu tenho certeza que ele está, espanta-me muito.
A principio, a admiração era muito forte, mas nada além do natural e não me parecia incomum que se impressionasse com suas distinções e suas maneiras, mas, ultimamente, quando a menciona, o faz em termos de mais extraordinário elogio, e ontem, ele disse que não seria surpresa qualquer efeito sobre o coração de um homem causado por seu charme e qualidades, e quando eu respondi lamentando a maldade de sua atitude, ele disse que os erros cometidos, eram imputados a uma educação inadequada e casamento precoce, e que
na verdade, era uma mulher extraordinária.
Esta tendência para esquecer ou desculpar o seu comportamento, através da influência da admiração, me irrita muito. E se eu não soubesse que Reginald não precisa de convite para prolongar sua estadia em Churchill, lamentaria que o Sr. Vernon fez a proposta.
As intenções de Lady Susan são sem dúvida, de uma conquista absoluta ou de uma admiração universal. Não posso imaginar por um momento, que ela planeje algo mais sério, embora me sinta mortificada ao ver como engana um jovem sensato como Reginald.
Sempre sua
Catherine Vernon

Autora: Jane Austen
Tradução: Bruna Tavares 

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