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sábado, 6 de agosto de 2011

Lady Susan - Conclusão

Esta correspondência, devido à reunião entre algumas das partes, e separação entre outros, não pode, para grande prejuízo dos correios, ser continuada por mais tempo. Pouca ajuda ao estado poderia ser derivado da relação epistolar da Sra. Vernon e sua sobrinha, pois a primeira logo percebeu, pelo estilo de escrita de Frederica, que as cartas eram escritas sob inspeção de sua mãe; e, portanto, adiando todas as informações particulares até que ela pudesse fazê-lo pessoalmente em Londres, deixou de escrever minuciosamente ou com frequência.

Entretanto, tendo descoberto o suficiente de seu franco irmão a respeito do que se passou entre ele e Lady Susan para fazê-la afundar mais do que nunca em sua opinião, ela ficou proporcionalmente mais ansiosa para tirar Frederica de sua mãe e trazê-la aos seus próprios cuidados. E, embora com pouca esperança de sucesso, ficou determinada a não desperdiçar nenhuma chance de obter consentimento de sua cunhada para isso.
Sua ansiedade sobre o assunto forçou-a a uma visita antecipada a Londres; e o Sr. Vernon, que, como já se deve ter percebido, vivia apenas de fazer tudo o que era desejado, logo encontrou algum negócio obsequioso para chama-lo para lá. Com o coração totalmente envolvido nesse assunto, a Sra. Vernon procurou Lady Susan logo após sua chegada à cidade, e foi recebida com tal facilidade e alegre afeição que quase lhe deixou horrorizada. Não se lembrou de Reginald sem consciência de culpa e um olhar de embaraço. Estava em excelente humor, e parecia ansiosa para mostrar de uma vez para sempre toda a atenção possível a seu irmão e irmã, seu senso de bondade e o prazer que sentia em se associar com eles. Frederica não estava mais alterada que Lady Susan; as mesmas maneiras contidas, o mesmo olhar tímido na presença da mãe que antes, asseguraram sua tia da situação desconfortável em que se encontrava e confirmaram seu plano de alterar isto.
Nem uma maldade, no entanto, ficou evidente por parte de Lady Susan. A perseguição em relação à Sir James foi inteiramente encerrada; seu nome mencionado apenas para dizer que ele não se encontrava em Londres. De fato, em toda conversa ela foi solícita apenas pelo bem-estar e melhoria de sua filha, reconhecendo, em termos de prazer grato, que Frederica estava crescendo a cada dia mais e mais além do que qualquer pai ou mãe poderia desejar. A Sra. Vernon, surpresa e incrédula, não sabia o que pensar, e sem qualquer alteração em suas próprias opiniões, só temia maior dificuldade em realizar seus planos.
A primeira esperança de algo melhor veio quando Lady Susan perguntou se Frederica parecia tão bem quanto estava em Churchill, já que ela reconhecia que às vezes duvidava se Londres era exatamente adequada a ela. A Sra. Vernon, incentivando a dúvida, propôs diretamente que sua sobrinha retornasse com eles ao campo. Lady Susan era incapaz de expressar sua gratidão, embora não soubesse, por várias razões, como se separar sua filha; e como, apesar de seus próprios planos ainda não estivessem totalmente fixados, ela confiava que dentro em breve estaria em seu poder levar Frederica ao campo ela própria. Concluiu por declinar inteiramente tal atenção sem igual.
A Sra. Vernon, no entanto, perseverou em sua oferta, e apesar de Lady Susan continuar a resistir, sua resistência ao longo de alguns dias parecia um pouco menos formidável.
Com sorte, um alerta de gripe decidiu o que não poderia ter sido decidido tão brevemente. Os temores maternais de Lady Susan não a deixaram pensar em outra coisa senão remover Frederica do risco de uma infecção. Acima de qualquer enfermidade do mundo, a que ela mais temia era a gripe, devido a constituição de sua filha. Frederica voltou para Churchill com seus tios e três semanas depois, Lady Susan anunciou seu casamento com Sir James Martin. A Sra. Vernon ficou então convencida do que até então era apenas uma suspeita, que ela poderia ter poupado a si mesma todo o trabalho de insistir na remoção de Frederica, pois Lady Susan já havia, sem dúvida, planejado isso desde o começo.
A visita de Frederica era nominalmente para ser de seis semanas, mas sua mãe, apesar de convidá-la para retornar em uma ou duas letras carinhosas, mostrou-se pronta a consentir com um prolongamento de sua estadia. No curso de dois meses deixou de escrever sobre sua ausência, e no curso de outros dois meses ou mais, deixou de escrever por completo. Frederica, portanto, passou a fazer parte da família de seus tios, até o momento em que Reginald De Courcy pudesse ser influenciado, adulado, e sutilmente levado a sentir uma afeição por ela. Ele que procurava livrar-se do apego à mãe dela por renunciar a todos os anexos futuros, e detestando todas do sexo, só poderia ser procurado razoavelmente dentro de uns doze meses. No geral, três meses teriam sido o suficiente para isso, mas os sentimentos de Reginald não foram menos duradouros do que vívidos.
Se Lady Susan foi ou não feliz em sua segunda escolha, não vejo como pode ser descoberto; pois quem conseguiria uma garantia dela sobre isso em qualquer que fosse o caso? O mundo deve julgar a partir de probabilidades; não havia nada contra ela, a não ser seu marido, e sua consciência. Parece que Sir James atraiu uma carga mais pesada do que a mera tolice merecia. Deixo-lhe, portanto, toda a compaixão que qualquer um poderia lhe dar.
Da minha parte, confesso que sinto pena só da Srta. Mainwaring que, chegando à cidade, e colocando-se a um gasto de roupas que a empobreceu em dois anos, com o propósito de segurá-lo, foi defraudada do seu devido por uma mulher dez anos mais velha que ela.


FIM

Autora: Jane Austen
Tradução de: Bruna Tavares

5 comentários:

Elisa Sobral disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Elisa Sobral disse...

A tradução ficou muito bacana! Parabéns Bruna e Adriana.
Tenho um pedido a fazer. Eu poderia fazer uso a tradução de vocês para fazer um doc editado e revisado do livro inteiro? Para quem desejar baixar Lady Susan e imprimir.
Claro que daria todos os créditos da tradução para vocês,incluiria o endereço do blog e tudo. No entanto, pensei em fazer algo mais prático. Um livro mesmo, com capa, contra-capa, etc. Para ter na mão mesmo.
Beijos, adoro o blog de vocês. É sempre bom achar amantes de Austen, rs.

Bruna Tavares disse...

Tudo bem, no problem! Na verdade também penso em fazer um documento de PDF e quem sabe um dia mandar imprimir em uma gráfica.
Mas fique à vontade, gostaria de ver o trabalho pronto.
B-jus

Elisa Sobral disse...

Ah! Muitíssimo obrigada. Vai ser a primeira a ver, rs.
Beijo!

gabi2007 disse...

Ahhh Pq acabou?
Por mais incrível que pareça não consigo não gostar de Lady Susan, acho-a uma mulher no mínimo interessante.

Obrigado pela tradução. Beijos

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