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segunda-feira, 21 de março de 2011

Lady Susan - Carta 25 em Português

Lady Susan a Sra. Johnson
Churchill

Dirijo-me a você, minha querida Alicia, para ter suas felicitações. Voltei a ser eu mesma, alegre e triunfante! Quando escrevi para você no outro dia, estava em alta irritação, e por forte motivo.
Não, eu não sei se deveria estar muito tranqüila agora, pois eu tive mais dificuldade em restabelecer a paz do que imaginei ter. Também, um espírito resultante de uma sensação de integridade imaginada superior, é peculiarmente insolente. Não vou perdoá-lo facilmente, eu lhe garanto!
Ele realmente estava a ponto de deixar Churchill! Eu mal tinha terminado minha última carta quando Wilson trouxe-me a palavra dele. Achei, portanto, que algo deveria ser feito, porque eu não poderia optar por deixar a minha reputação à mercê de um homem cujas paixões são tão violentas e tão vingativas. Teria sido arriscado para minha reputação, permitir sua partida com tal impressão a meu desfavor. Neste contexto, a condescendência era necessária. Pedi para Wilson dizer a ele que eu desejava falar com ele antes que partisse, ele veio imediatamente.
Os sentimentos de raiva que marcavam seu rosto quando nos separamos, foram parcialmente subjugados. Ele pareceu surpreso com a convocação e olhou como se metade dele desejasse e a outra metade tivesse medo de ser amaciado com o que eu poderia dizer.
Se meu rosto expressava minhas intenções, ele era composto e digno, e ainda, com um grau de melancolia que pudesse convencê-lo que eu não estava muito feliz.
“Peço perdão senhor, pela liberdade em ter chamado você”, disse eu, “mas como fui informada de sua intenção de deixar esse lugar hoje, sinto o dever de suplicar que você não encurte sua estadia aqui nem por uma hora por minha causa. Estou perfeitamente consciente de que depois do que se passou entre nós, seria prejudicial aos sentimentos de ambos permanecermos mais tempo na mesma casa. Uma mudança tão grande e tão completa na intimidade de uma amizade deve tornar qualquer trato futuro o mais severo castigo. Sua resolução de deixar Churchill está, sem dúvida, em harmonia com a nossa situação e com esses sentimentos tão vivos que eu sei que você possui.
“Mas, ao mesmo tempo, eu não sofreria tanto com um sacrifício assim, quanto você em ter de deixar familiares com quem você está tão unido e que lhe são tão queridos. Minha permanência aqui não pode dar o mesmo prazer ao senhor e a senhora Vernon que a sua associação traz, e minha visita talvez já tenha sido demasiada longa. Minha retirada, portanto, que de qualquer forma acontecerá em breve, pode com perfeita conveniência, ser antecipada.
“Eu lhe faço meu pedido especial, de que eu não possa de forma alguma ser o instrumento da separação de uma família tão afetuosamente ligada uns aos outros. Para onde eu vou não é de nenhuma conseqüência para ninguém, e de muito pouca para mim mesma, mas para onde você vai é de importância para toda sua família.”
Aqui eu concluí, e espero que esteja satisfeita com o meu discurso. Seu efeito sobre Reginald justifica alguma parcela de vaidade, pois não foi menos favorável do que instantâneo. Oh,  quão maravilhoso foi assistir as variações do seu rosto enquanto eu falava, ver a luta entre o retorno da ternura e os vestígios de desaprovação! Há algo agradável em sentimentos tão facilmente manipulados, não que eu inveje sua possessão, nem seria tão agradável para o mundo como é para mim mesma. Mas eles são muito convenientes quando se quer influenciar as paixões do outro.
Mesmo Reginald, que com poucas palavras minhas amolece imediatamente para a submissão extrema e se torna mais dócil, mais ligado, mais dedicado do que nunca, teria me deixado irritada na primeira expansão de um coração orgulhoso sem se dignar a procurar uma explicação. Por mais humilde que ele se mostre agora, não posso perdoar esse momento de orgulho, e estou em dúvida se não deveria castigá-lo por dispensando-o após essa reconciliação ou por me casar com ele e importuná-lo para sempre.
Mas essas medidas são impetuosas demais para serem adotadas sem uma consideração. Neste momento, minha mente está flutuando entre muitos esquemas.
Eu tenho muitas idéias em mente: Devo punir Frederica, e severamente, por ter recorrido a Reginald, e devo puni-lo por aceitar isso de modo tão favorável e pelo resto de sua conduta. Devo punir minha cunhada pelo triunfo insolente de seu olhar e pela forma em que dispensou sir James (para me reconciliar com Reginald não pude salvar aquele jovem infeliz). E preciso compensar a humilhação a que fui rebaixada nos últimos dias.
Para alcançar isso, tenho vários planos. Também tenho a intenção de ir para a cidade em breve e qualquer que seja a minha determinação quanto ao resto, vou, provavelmente, colocar esse projeto em execução. Londres será sempre a melhor área de atuação, no entanto, meu ponto de vista pode ser instaurado. De qualquer forma, ali serei recompensada com sua companhia e um pouco de diversão após uma penitência de dez dias em Churchill.
Creio que devo isso a minha reputação, concluir a aliança entre minha filha e sir James depois de ter planejado isso por tanto tempo. Deixe-me saber sua opinião sobre esse assunto.
Flexibilidade mental e uma disposição facilmente influenciada por outros, são atributos que, você sabe, não sou muito desejosa de obter. Frederica não tem qualquer direito a tolerância de suas idéias à custa dos desejos de sua mãe. E seu amor inútil por Reginald, também! Certamente é meu dever desencorajar tais bobagens românticas.
Tudo que consideramos, portanto, apóia minha idéia de levá-la para a cidade e casá-la imediatamente com sir James.
Quando minha vontade for efetuada em oposição a sua, terei algum crédito por estar em bons termos com Reginald, o que no presente, na verdade, eu não tenho. Pois embora ele ainda esteja em meu poder, tenho cedido no assunto que causou nossa briga, e na melhor das hipóteses, a honra da vitória é incerta.
Envie-me seu parecer sobre todas essas questões, minha querida Alicia, e deixe-me saber se você pode obter alojamento próximo a você para atender-me.
Sua mais achegada amiga
Susan Vernon

Autora: Jane Austen
Tradução de: Bruna Tavares

5 comentários:

Adriana T disse...

Que megera!!!

Lady LoLo disse...

LOL, quer conhecer UK pra se sentir nos livros da Jane Austen? Estou morando em Northampton, foi a capital da Inglaterra por 200 anos mas caiu com golpe de Estado. É a cidade da Lady Di ^^ Eu visitei Bath, que é mencionad em algumas obras da Jane! Lá é bem diferente mesmo!

Bruna Tavares disse...

Sem dúvida, Jane Austen é um dos motivos (na verdade o principal) para eu querer conhecer a Inglaterra.
Morro de vontade de conhecer Bath! Mas um dia eu ainda vou, pode me esperar!
B-jus

Celal disse...

Jane Austen é uma das minhas autoras favoritas, que soube mostrar a realidade de se sentir confinada no mundo. Mas este confinamento não é imposto por um governo ou por um Estado, como já lemos em vários livros, mas é imposto pelo seu dia a dia, pelos familiares, pelo seu próprio mundo, como se fosse uma imposição velada.
O blog é de muito bom gosto.
Celal

Bruna Tavares disse...

Obrigada Celal! Fico muito feliz que tenha gostado e espero que volte mais vezes.
Beijos

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