Sra. Vernon a Lady de Courcy
Churchill
Minha querida mãe, estou lhe devolvendo a carta de Reginald e me alegro de todo coração por meu pai ter se alegrado com ela. Dê-lhe os meus parabéns. Mas, entre nós, só estou convencida de que meu irmão não tem a intenção de se casar com Lady Susan agora, não que ele não estará em perigo de ter esta intenção em três meses.
Ele faz um relato muito plausível de seu comportamento em Langford, espero que seja verdade, porém a inteligência por trás disso deve vir dela. Estou menos disposta a acreditar nisso, do que a lamentar o grau de intimidade que existe entre eles para resultar na discussão desse assunto.
Lamento ter causado seu desapontamento, mas não pode esperar nada melhor enquanto ele estiver tão ansioso para defender Lady Susan. Ele foi muito severo comigo, e ainda assim, espero não ter sido precipitada ao julgá-la. Pobre mulher! Apesar de eu ter razões suficientes para meu desgosto, não posso deixar de ter pena dela no momento, já que ela está realmente angustiada e por razões justificáveis.
Ela recebeu esta manhã uma carta da senhora com quem deixou sua filha, pedindo para que a senhorita Vernon seja removida imediatamente, uma vez que foi detectado uma tentativa de fuga. Porque e para onde pretendia ir, não se sabe. E como a decisão de mandá-la para lá parecia correta, é lamentável e é claro, muito angustiante para Lady Susan.
Frederica deve ter seus dezesseis anos e deveria ser mais sábia. Porém, pelo que sua mãe deu a entender, é uma garota perversa. Mas, ela foi tristemente negligenciada e sua mãe deve se lembrar disso.
O Sr. Vernon partiu para Londres assim que ela determinou o que deveria ser feito. Ele tentará, se possível, convencer a Srta. Summer a deixar Frederica continuar com ela, e caso não tenha êxito, irá trazê-la para Churchill até que se encontre outra solução para ela. Enquanto isso, sua senhoria se reconforta passeando ao longo dos arbustos com Reginald, ocupando todos os seus ternos sentimentos, suponho, nesta ocasião angustiante. Ela tem falado muito disso para mim. Ela se expressa muito bem e temo ser pouco generosa quando digo muito bem, o que lamento profundamente.
Mas, eu não vou olhar para seus defeitos, ela poderá tornar-se a mulher de Reginald. E que os céus proíbam! Mas porque minha visão seria melhor do que a dos outros? O Sr. Vernon disse que nunca viu maior sofrimento que o dela ao receber a carta. Será o seu julgamento inferior ao meu?
Ela estava muito relutante quanto a Frederica ser autorizada a entrar em Churchill, e com justiça, pois parece uma espécie de recompensa por seu comportamento, quando o que merecia era muito diferente. Mas, era impossível mandá-la para outro lugar e ela não deverá permanecer por muito tempo.
"Será absolutamente necessário", disse ela, “como sabe, minha querida irmã, devo ser sensata, para tratar minha filha com severidade enquanto estiver aqui. Uma necessidade dolorosa a qual tentarei submetê-la. Tenho medo de ter sido muitas vezes indulgente, mas o temperamento de minha pobre Frederica, nunca poderia suportar a oposição. Você deve apoiar-me e encorajar-me. Deve instar a necessidade de repreensão caso note que estou muito indulgente.”
Tudo isso parece muito razoável. Reginald está muito indignado com a pobre e tola menina. Certamente não é ao crédito de Lady Susan que ele deveria ser tão amargo com sua filha, a idéia que tem dela deve ser traçada a partir da descrição da mãe.
Bem, seja qual for seu destino, temos o conforto de saber que fizemos o possível para salvá-la. Devemos confiar o evento a um poder superior.
Sempre sua
Catherine Vernon
Autora: Jane Austen
Tradução de: Bruna Tavares
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