Sr. De course a Sir Reginald
Meu caro senhor:
Tenho recebido sua carta neste momento, e senti um espanto tão grande como nunca havia sentido antes. Devo agradecer a minha irmã, suponho, por ter me representado sob tal luz, a ponto de prejudicar sua opinião, e dar-lhe todo este alarme.
Não entendo por que ela escolheu preocupar-se, e preocupar sua família, ocupando-se com um evento que ninguém, exeto ela, posso afirmar, acharia possível. Imputar tal intenção à Lady Susan, seria tirar-lhe o crédito por uma excelênte inteligência, que nem seus maiores inimigos negariam. Da mesma forma, muito baixas devem ser minhas pretensões, para ser suspeito de ter propósitos matrimonias em meu comportamento com ela.
Nossa diferença de idade deve ser uma objeção insuperável, e vos suplico, meu querido pai, para tirar isso de sua mente, e não mais abrigar uma suspeita que possa prejudicar sua paz e nossa relação.
Não posso ter outra intenção ao permanecer com Lady Susan, do que usufruir por um curto tempo, (como você se expressou) a conversa com uma mulher com um intelectual poderoso.
Se a Sra. Vernon admitisse o afeto que tenho por ela e por seu marido durante a extensão de minha visita, ela fariam mais justiça a nós todos. Mas minha irmã está infelizmente, predisposta contra Lady Susan. Devido a ligação que tem com seu marido, que em si mesmo honra a ambos, não pode perdoar os esforços que a Sra. Susan fez para impedir seu casamento, o que tem atribuído ao egoísmo de Lady Susan. Porém nesse caso, como em muitos outros, o mundo tem grosseiramente injuriado aquela senhora, supondo que as razões para seu comportamento são questionáveis. Lady Susan havia ouvido algo materialmente tão desvantajoso sobre minha irmã, que ficou convencida que a felicidade do Sr. Vernon, com quem sempre foi muito unida, seria destruída pelo casamento. E nestas circunstâncias, enquanto se explica as verdadeiras motivações de Lady Susan e remove-se toda a culpa que tem sido lançada sobre ela, é que nos damos conta de quão pouco o relatório geral de qualquer pessoa deve ser creditado. Já que nenhum personagem, por mais reto que seja, pode escapar da calúnia.
Se minha irmã, na segurança de seu retiro, com tão pouca oportunidade para se inclinar para o mal, não conseguiu evitar a censura, não devemos precipitadamente condenar aqueles que, vivendo num mundo cercados por tentações, são acusados por erros que se sabe, tem o poder para cometer. Eu me culpo seriamente por ter acreditado tão facilmente, numa história caluniadora inventada pelo Sr. Smith contra Lady Susan, como estou convencido agora de que ele tão fortemente a caluniou.
Quanto ao ciúme da Sra. Mainwaring, foi totalmente invenção sua e o que nos contou sobre a associação dela com o prometido da Srta. Mainwaring, teve um fundamento pouco melhor. Sir James Martins tinha sido induzido por aquela jovem a dar-lhe um pouco mais de atenção, e sendo ele um homem rico, é fácil entender que seus planos incluíam o casamento.
É sabido que a Srta. Mainwaring está absolutamente a procura de um marido, e nada pode portanto, fazê-la perder, para os atrativos superiores de outra mulher, a chance de fazer um homem digno completamente miserável. Lady Susan estava longe de pretender uma grande conquista e sabendo o quanto afetava a Srta. Mainwaring a deserção de seu amante, decidiu, apesar das súplicas do Sr. e da Sra. Mainwaring, por deixar a família. Tenho razões para imaginar que ela tenha recebido propostas sérias de Sir James, mas sua remoção para Langford imediatamente após a descoberta de seu compromisso, deve absolver-la no mesmo instante por qualquer espírito de imparcialidade.
Você vai, tenho certeza meu caro senhor, reconhecer esta verdade e saberá fazer justiça a uma mulher ferida.
Tenho certeza que Lady Susan, ao decidir vir para Churchill, foi tomada das mais boas e amaveis intenções. Sua prudência e economia são exemplares, sua concideração para com o Sr. Vernon também. E seu desejo de obter uma opinião favorável de minha irmã deveria ter um retorna melhor do que tem recebido. Como mãe é irrepreensível. A sólida afeição por sua filha, é demostrado por tê-la colocado nas mãos de alguém que vai atender sua educação devidamente. Mas, por ela não ter a parcialidade cega da maioria das mães, é acusada de falta de instinto maternal.
Qualquer pessoal de bom senso, saberá valorizar sua afeição bem dirigida, e concordará comigo que Frederica Vernon poderia mostrar-se mais digna do que é, dos afetos e cuidados de sua mãe.
Tenho escrito agora, meu caro pai, meus verdadeiros sentimentos em relação a Lady Susan. Você saberá por meio desta carta, como admiro suas habilidades e estimo seu caráter. Mas se você não está igualmente convencido pela minha plena e solene garantia que seus receios foram ociosamente criados, você vai mortificar-me e angustiar-me profundamente.
Cordialmente
R. de Course
Autora: JAne Austen
Tradução de: Bruna Tavares
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